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Pesquisa brasileira reúne bilhões de mensagens públicas disponibilizadas pelo Discord; plataforma questiona

Estudo usou funcionalidade disponibilizada pela própria empresa para extrair os dados. Para professor que analisou a pesquisa, levantamento é legítimo. O Discord é uma plataforma de comunicação digital usada para conversas por texto, voz e vídeo. A rede é popular principalmente entre adolescentes.
Foto: Ivan Radic/Flickr
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coletaram mais de 2 bilhões de mensagens públicas de usuários do Discord. A coleta foi feita usando uma funcionalidade disponibilizada pela própria plataforma e levantou o debate sobre a segurança das informações na plataforma. (Leia mais abaixo)
Segundo o estudo, chamado “Discord revelado: um conjunto abrangente de dados de comunicação pública”, o objetivo é criar um banco de dados que pode ser usado como base para pesquisas sobre saúde mental, comportamento no ambiente online, violência e assuntos relacionados às ciências sociais.
➡️ Antes, plataformas como o X (ex-Twitter) e a Meta tinham acessos que permitiam que os pesquisadores baixassem dados para análise. Com isso, centenas de estudos sobre as redes foram feitos usando esses mecanismos. No entanto, eles foram descontinuados nos últimos anos e por isso, segundo o estudo, decidiram criar uma base com dados públicos do Discord.
No estudo, os pesquisadores afirmam que antes de incluir os dados na base eles usaram um processo de anonimização, para impedir a identificação de quem postou as mensagens.
A informação de que conversas públicas da plataforma podem ser baixadas pegou usuários de surpresa. Nas redes sociais, eles passaram a questionar a pesquisa, alegando invasão de privacidade, e até a segurança de suas informações.
Procurada, a empresa alega que os pesquisadores violaram as regras da rede social. Para o professor da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) que não participou do estudo, mas o analisou, a iniciativa é legítima e respeitou os termos de uso da plataforma.
O que é o Discord?
O Discord é uma plataforma usada para conversas por texto, voz e vídeo, e é popular principalmente entre adolescentes. Atualmente, ela tem cerca de 200 milhões de usuários.
Com um ambiente repleto de menores de idade, a plataforma tem sido alvo de criminosos que buscam praticar crimes contra essa população, como chantagem com fotos íntimas, indução à automutilação, estupro virtual e incitação ao suicídio.
Sobre esse assunto, o Discord afirma que que conta com equipes especializadas dedicadas a combater ilegalidades na plataforma.
Profissão Repórter flagra automutilação de menina durante transmissão ao vivo no Discord
Como os dados foram baixados?
De acordo com o estudo, o levantamento reuniu apenas dados de grupos considerados públicos. Ao criar um fórum de conversa, o usuário permite que ele seja público.
Para acessar os dados, os pesquisadores explicam que utilizaram o recurso “Discovery”, da própria plataforma, que permite aos usuários navegar pelos servidores públicos – e até mesmo ver mensagens públicas – sem precisar participar deles.
E, para obter as informações, foi usada a API – uma funcionalidade que permite baixar dados em massa – do próprio Discord. Ou seja, é um mecanismo oferecido pela própria plataforma.
Depois de baixados, os dados foram tratados com técnicas de anonimização, como a substituição dos nomes dos usuários por pseudônimos, para limpar qualquer informação que pudesse identificá-los.
Discord diz que extração foi feita sem consentimento
Ainda que os dados baixados sejam públicos para qualquer pessoa que faça buscas na plataforma e que tenham usado a ferramenta disponibilizada pela própria empresa, o Discord questiona a forma como ela foi feita.
“A extração de dados de nossos serviços sem o nosso consentimento por escrito constitui uma violação dos nossos Termos de Serviço e Diretrizes da Comunidade. O Discord está investigando essa atividade com diligência e tomará as medidas cabíveis. Esse é um assunto sério e estamos comprometidos com a proteção da privacidade e dos dados dos nossos usuários”, disse a empresa, em nota. Parece que os pesquisadores tomaram medidas para proteger as identidades das pessoas, mas isso ainda viola nossas políticas e estamos investigando completamente.”
Estudo ‘eticamente adequado’
O professor da PUC e pesquisador em tecnologia e inteligência artificial Diogo Cortiz afirma não ver irregularidade na coleta de dados como descrito na metodologia.
“A pesquisa usou a API oficial do Discord e ela permite o acesso a canais públicos e servidores públicos. Ou seja, eles fizeram isso de forma regular (…) O Discord alega essa violação da política, mas isso me parece uma forma de justificar a exposição da falta de segurança da troca de mensagens”, diz.
Cortiz ressalta que os pesquisadores afirmam ter adotado critérios para impedir a identificação dos autores das mensagens.
“Eles [os pesquisadores da UFMG] afirmam que usaram uma anonimização. Seguindo esses requisitos, esse projeto de pesquisa é eticamente adequado”, acrescenta Cortiz.
Na visão do professor da PUC, o Discord não foi claro sobre qual foi a regra violada pelo estudo.
Todo conteúdo público pode ser coletado?
De acordo com Cortiz, da PUC, não. Mas, neste caso, os pesquisadores da UFMG utilizaram dados da API oficial da plataforma, que dá acesso a canais e servidores públicos, além de terem aceitado os termos de uso.
“Por exemplo, não é pelo fato de que o Instagram tem o perfil aberto que você pode pegar esses arquivos – pelo termo de serviço você não pode”, diz Cortiz. “Uma plataforma muito usada para ciências sociais com esse tipo de análise de dados era o Twitter. Ele tinha uma API que dava para extrair os dados. E, para usar a API oficial e pegar os dados, tinha que respeitar uma série de requisitos”, lembra.


g1 > Tecnologia Link da Fonte

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2025-05-25 03:02:00
https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2025/05/25/pesquisa-brasileira-reune-bilhoes-de-mensagens-publicas-disponibilizadas-pelo-discord-plataforma-questiona.ghtml

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